O desemprego, as baixas médicas, as más condições de trabalho, entre outros fatores, contribuem para o aumento de sobre-endividados em Portugal.
Este conjunto de situações destabiliza e fragiliza a economia de um agregado familiar.
Segundo a entidade Defesa do Consumidor (DECO), no último ano mais de 30 mil famílias pediram ajuda à instituição, por não conseguirem pagar as suas dívidas. Estes números são preocupantes, e têm um impacto gigantesco para o governo.
As famílias veem-se financeiramente condicionadas. E, desta forma, a situação de endividamento vai-se tornando uma “bola de neve”, ficando cada vez mais difícil de gerir.
Sobre-endividados: O desemprego ainda é a principal causa das dificuldades financeiras
Sabia que grande parte da percentagem dos pedidos de ajuda tem como principal fonte a questão do desemprego? Este ainda continua a ser um dos principais aspetos para os portugueses não conseguirem regularizar as dívidas.
Desta forma, o número de sobre-endividados continua a crescer em todo o país.
Cerca de 80% dos pedidos de ajuda das famílias tem como causa o desemprego. Em 2020, ano em que a pandemia estava no seu auge, causando um maior impacto na economia, esta percentagem foi de 77%.
Estes dados mostram-nos que a situação continua a agravar, mesmo com a diminuição das consequências da Covid-19.
No entanto, este panorama parece estar a mudar. Pois, no primeiro trimestre de 2022, a principal causa de dificuldades financeiras foi a perda de rendimentos, com aproximadamente 23%. Na mesma altura, o desemprego rondava os 22%.
O mesmo estudo da DECO mostra que o aconselhamento relativo à estruturação de crédito também está a avançar, com uma percentagem de 56%. Esta mesma percentagem era de 52% em 2021 e 51% em 2020.
Quais são as consequências do não pagamento de dívidas pelos sobre-endividados?
O endividamento, quando não gerido de forma adequada, pode ter diversas consequências financeiras, emocionais e sociais.
Sendo assim, aqui estão algumas das principais consequências desta situação:
1 – Stress financeiro
O endividamento excessivo pode levar a níveis elevados de stress financeiro.
Assim, a preocupação constante com o pagamento de dívidas, juros acumulados e contas atrasadas pode afetar negativamente a saúde mental e emocional.
2 – Restrição financeira
O pagamento de juros e prestações de dívidas pode consumir uma parte significativa da renda. Isto limita a capacidade de gastar com outras necessidades ou de investir em metas financeiras de longo prazo.
3 – Restrição de oportunidades
O endividamento excessivo pode limitar as oportunidades de crescimento financeiro, como investir em educação, adquirir ativos ou empreender.
Desta forma, isso pode afetar a capacidade de melhorar a qualidade de vida e alcançar objetivos pessoais e profissionais.
4 – Impacto no crédito
O não pagamento de dívidas pode resultar em atrasos de pagamento e incumprimento, o que prejudica o histórico de crédito do indivíduo.
Consequentemente, terá dificuldade na obtenção de futuros empréstimos com taxas de juros favoráveis. Além disso, irá prejudicar a aprovação para arrendamento de imóveis e outros serviços.
5 – Ciclo de dívida
Quando as dívidas se acumulam, pode ser difícil para os sobre-endividados saírem desse ciclo.
Isto é, pagamentos mínimos podem levar a um aumento do montante total da dívida devido aos juros acumulados, tornando ainda mais difícil liquidar as dívidas.
6 – Relações pessoais
O stress causado pelo endividamento pode afetar relacionamentos familiares, conjugais e sociais.
Sendo que, discussões sobre dinheiro podem gerar conflitos e tensões.
7 – Ansiedade e depressão
O endividamento prolongado e a preocupação constante com dívidas podem contribuir para problemas de saúde mental, como a ansiedade e a depressão.
8 – Falta de liberdade financeira
Outra consequência é o facto de restringir a liberdade de fazer escolhas financeiras com base em desejos e necessidades pessoais.
E, esta é uma consequência muito negativa para os sobre-endividados.
Pois, a necessidade de priorizar o pagamento de dívidas pode limitar a flexibilidade financeira.
9 – Declínio na qualidade de vida
O acumular de dívidas pode levar a um declínio na qualidade de vida, com menos recursos disponíveis para lazer, entretenimento e atividades que promovem o bem-estar.
10 – Insolvência e falência
Em casos extremos, o endividamento excessivo pode levar à insolvência financeira, onde o indivíduo ou empresa não consegue cumprir as suas obrigações financeiras.
Desta forma, isto pode resultar em declaração de falência.
Por isso, o planeamento financeiro adequado pode ajudar a evitar muitos dos problemas associados ao endividamento descontrolado.
Como controlar a situação de endividamento?
Esta não é uma pergunta propriamente simples de responder. Contudo, deve estar alerta aos primeiros sinais de dificuldades financeiras para pagar as prestações do empréstimo.
Sabemos que, infelizmente, não existem milagres para quem tem os pagamentos do crédito em falta. Mas, pode existir uma saída de emergência para os sobre-endividados.
Desta forma, tudo vai depender do tipo de dívidas que contraiu. Além disso, outros fatores também são analisados. Tal como a credora do financiamento e o momento em que deixou de arcar com as responsabilidades financeiras.
Assim sendo, o primeiro passo a tomar é saber em que situações se encontram as dívidas a serem pagas. A seguir, deve verificar os rendimentos existentes para regularizar estes valores.
Se está há muito tempo com as prestações em atraso, as opções de resolução serão menores. O ideal é fazer um diagnóstico preciso e encontrar o mais rapidamente a resolução adequada ao seu caso.
Se está a enfrentar as primeiras dificuldades financeiras, e possui entre uma a três prestações em atraso, as possibilidades para resolver a situação são superiores.
Neste caso, pode, por exemplo, negociar diretamente com os credores. Para além de que, se tiver alguns bens negociáveis, pode incluí-los na negociação das dívidas.
Contudo, quando as dívidas são muito altas e não há mais opções de negociação, deve considerar o pedido de declaração de insolvência.
Por fim, esteja sempre atento às suas responsabilidades financeiras e evite acumular dívidas. Quanto mais cedo identificar as dificuldades de pagamento, mais facilmente conseguirá resolver a sua situação!